Eu sei que já estamos em
Fevereiro e que já lá vai um mês deste novo ano (o tempo corre demasiado rápido!),
onde já tanta coisa aconteceu, coisas boas e outras horríveis, mas é sempre
tempo de desejar Bom Ano!
Temos a tendência para
culpar o ano por ser bissexto, pelas coisas más que acontecem e foi logo esse o
meu pensamento quando num espaço de 15 dias perdi duas pessoas de família, uma
das irmãs do meu pai que já estava doente há algum tempo, a tia Esperança, e o
meu primo Manel, companheiro de brincadeiras, mais irmão que primo, homem bom,
atento, na flor da vida, que foi traído pela doença que mais morte causa, o
cancro! Que injustiça tão grande! É uma grande perda para todos nós, que tanto
gostamos dele… Nunca vou esquecer o que fez quando a Inês precisou de casa em
Paris, para fazer Erasmus (http://lapatisserieblog.blogspot.pt/2016/01/um-adeus.html)
e se viu rodeada de gente que considera os portugueses como lixo, o Manel foi “O
Apoio”… Nunca lhe agradeci o suficiente pelo que fez… Por tudo, obrigado Manel,
estarás sempre vivo no meu coração, não te esquecerei!
Todo este sofrimento,
toda esta fase tão difícil, teve uma consequência boa: pensei muito no facto de
o tempo que vivemos passar depressa demais, que temos muitas coisas para dizer
e fazer, adiadas para o dia seguinte e que, quando damos por isso, já é tarde
demais, as pessoas morrem e não lhes dissemos o quanto as amamos, o quanto são
importantes para nós… Não fizemos o que devíamos, não dissemos o que sentíamos…
A pensar nisso, tomei uma decisão: depois de 30 anos a renegar o convívio com o
meu Pai, de 30 anos sem falar com ele, resolvi passar por cima do problema que
causou este afastamento e liguei-lhe… Todos estes anos sem convívio, sem
fazermos parte da vida um do outro, sem ele conhecer os netos e a bisneta (que
por sinal nasceu no mesmo dia que ele, 80 anos depois) não foram motivo para
indiferença ou ressentimento… Pela minha vontade em o voltar a ver rapidamente e
pela curiosidade do Carlos em o conhecer, acabámos por marcar um encontro, que
se transformou num jantar em casa dele, onde me senti relativamente bem,
principalmente pelo abraço que demos e pelo brilho que vi nos olhos dele.
Senti-me outra vez a “menina” que o seguia e que o imitava, que o olhava com
orgulho e admiração… Percebi que muito de mim, em muitas das coisas que faço e
de que gosto, sou uma cópia do meu Pai, embora fisicamente não tenhamos parecenças.
Percebi que perdi muito tempo, que devia ter feito isto há mais tempo… Não
esqueço, nem relevo o que se passou, mas reconheço que privei os meus filhos de
o conhecer, provavelmente perdi coisas que nunca vou recuperar… Quando nos
apercebemos, a vida já passou…
Esta foi e é uma coisa
boa deste ano bissexto, a outra é estar aqui a escrever, é sentir-me abençoada
por ter o Carlos como companheiro de vida, ter os meus filhos e neta perto… É
sentir a alegria que dei às minhas tias e primas por ter estado com o meu Pai…
É ter celebrado os dois aninhos da Leonor…
É estar viva!