quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ano bissexto…

Eu sei que já estamos em Fevereiro e que já lá vai um mês deste novo ano (o tempo corre demasiado rápido!), onde já tanta coisa aconteceu, coisas boas e outras horríveis, mas é sempre tempo de desejar Bom Ano!
Temos a tendência para culpar o ano por ser bissexto, pelas coisas más que acontecem e foi logo esse o meu pensamento quando num espaço de 15 dias perdi duas pessoas de família, uma das irmãs do meu pai que já estava doente há algum tempo, a tia Esperança, e o meu primo Manel, companheiro de brincadeiras, mais irmão que primo, homem bom, atento, na flor da vida, que foi traído pela doença que mais morte causa, o cancro! Que injustiça tão grande! É uma grande perda para todos nós, que tanto gostamos dele… Nunca vou esquecer o que fez quando a Inês precisou de casa em Paris, para fazer Erasmus (http://lapatisserieblog.blogspot.pt/2016/01/um-adeus.html) e se viu rodeada de gente que considera os portugueses como lixo, o Manel foi “O Apoio”… Nunca lhe agradeci o suficiente pelo que fez… Por tudo, obrigado Manel, estarás sempre vivo no meu coração, não te esquecerei!
Todo este sofrimento, toda esta fase tão difícil, teve uma consequência boa: pensei muito no facto de o tempo que vivemos passar depressa demais, que temos muitas coisas para dizer e fazer, adiadas para o dia seguinte e que, quando damos por isso, já é tarde demais, as pessoas morrem e não lhes dissemos o quanto as amamos, o quanto são importantes para nós… Não fizemos o que devíamos, não dissemos o que sentíamos… A pensar nisso, tomei uma decisão: depois de 30 anos a renegar o convívio com o meu Pai, de 30 anos sem falar com ele, resolvi passar por cima do problema que causou este afastamento e liguei-lhe… Todos estes anos sem convívio, sem fazermos parte da vida um do outro, sem ele conhecer os netos e a bisneta (que por sinal nasceu no mesmo dia que ele, 80 anos depois) não foram motivo para indiferença ou ressentimento… Pela minha vontade em o voltar a ver rapidamente e pela curiosidade do Carlos em o conhecer, acabámos por marcar um encontro, que se transformou num jantar em casa dele, onde me senti relativamente bem, principalmente pelo abraço que demos e pelo brilho que vi nos olhos dele. Senti-me outra vez a “menina” que o seguia e que o imitava, que o olhava com orgulho e admiração… Percebi que muito de mim, em muitas das coisas que faço e de que gosto, sou uma cópia do meu Pai, embora fisicamente não tenhamos parecenças. Percebi que perdi muito tempo, que devia ter feito isto há mais tempo… Não esqueço, nem relevo o que se passou, mas reconheço que privei os meus filhos de o conhecer, provavelmente perdi coisas que nunca vou recuperar… Quando nos apercebemos, a vida já passou…
Esta foi e é uma coisa boa deste ano bissexto, a outra é estar aqui a escrever, é sentir-me abençoada por ter o Carlos como companheiro de vida, ter os meus filhos e neta perto… É sentir a alegria que dei às minhas tias e primas por ter estado com o meu Pai… É ter celebrado os dois aninhos da Leonor…

É estar viva!